domingo, 22 de dezembro de 2013

NATAL NÃO É MAIS TEMPO DE FESTAS


NATAL: DA FARTURA AO VAZIO 



Final de ano chegou e a principal preocupação dos brasileiros são as compras e festas. Parece normal não fosse essa tradição uma cultura capitalista enraizada. Claro que o capitalismo trouxe o melhoramento do sistema produtivo, mas trouxe também a cultura da precificação e do desperdício.

E pra piorar além de assimilar o “The American way of life” (Estilo de vida americano) o brasileiro assimilou o desperdício para além dos bens materiais. Estou me referindo ao posicionamento estanque que assumimos diante das decisões políticas e humanas.

Lembram-se dos protestos que levaram milhares de brasileiros as ruas? Um período que parecia ter despertado a indignação e cansaço do brasileiro com a corrupção, o desperdício de dinheiro público e a péssima qualidade dos serviços públicos. O descontentamento era tão grande que nem se podia identificar a prioridade, nem o objetivo dos protestos. Mas o que pareceria um despertar, em pouco tempo se mostrou um fogo de palha.

Digo isso porque as reivindicações “atendidas” pelo governo: 1) A destinação dos royalties do petróleo para saúde(50%) e educação (50%) que terminaram com pouco mais de 20% para educação e 30% para saúde; 2) A punição dos corruptos do mensalão que ocorreu com indignação do povo petista e de muitos brasileiros compadecidos com o pobre Genuínio que foi punido  por colabora com o roubo do dinheiro público; 3) O programa Mais médicos que iria suprir a carência de profissionais nas cidades do interior do Brasil e que até hoje não se alterou muito; 4) Os gastos com o Copa do Mundo que segue com mais atrasos o que encarece ainda mais as obras; 5) A reforma política que mais uma vez foi manipulada e engavetada para nunca mais.

Os mesmos políticos que se mostraram solidários aos protestos públicos mostraram seu real compromisso com a manutenção das mamatas e do poder político no período de inscrições para filiação partidária. Depois de uma montanha russa de insatisfação popular a presidenta Dilma encerra o ano com uma aceitação ascendente e anuncia a reforma do Sistema único de Saúde (SUS) nas propagandas televisivas, ela só esqueceu de dizer onde essa reforma ocorreu porque continuamos vendo pessoas penando nas filas de postos de saúde e morrendo abandonados.

O ano de 2013 está acabando e não paramos de ver denúncias e discussões em redes sociais sobre irregularidades em prefeituras do interior do Brasil, sobre crimes ambientais acobertados por governos estaduais e municipais e sobre situações de violência contra crianças e mulheres. Questões que mostram nosso Brasil caminhando em direção a um poço sem fundo.

O pior de tudo é saber que e a culpa de tudo isso é daqueles que pedem o fim da corrupção mas que se indigna com a punição dos petistas, dos mesmos que permitem que políticos negociem o dinheiro público em benefício próprio e depois os reelegem e também é daqueles que são coniventes com prefeituras que justificam sua falta de empenho na gestão anterior. O fato é que o brasileiro se indigna até o limiar do seu interesse pessoal. É o famoso discurso “se me beneficia tá bom, mas se não me beneficia eu reclamo e persigo até ser contemplado”.

Até quando o povo brasileiro seguirá nesse ciclo de “toma lá da cá”, até quando vamos insistir num discurso que existe apenas da boca pra fora? Assistindo a um documentário francês sobre paisagens e meio ambiente, o diretor questionou a fé humana de uma maneira muito particular e profunda que quero dividir com vocês. Ele mostrou imagens de grandes peregrinações religiosas (Sírio de Nazaré, a peregrinação a Meca, lavagem das escadarias do Bonfim, a Jornada da Juventude, viagens papais, festival promessas entre outras) para comparar a força da fé com a defesa do meio ambiente.

 De fato é comum vermos pessoas e vidas dedicadas as religiões, mas não vemos essa fé ou esse mesmo ideal para defender florestas, animais, mares, águas, desabrigados,crianças ou mulheres agredidas. Talvez porque ainda não temos fé para defender o futuro do nosso planeta. E defender o planeta é defender o uso devido dos recursos naturais, materiais e humanos, ou seja, é lutar por um planeta socialmente justo, politicamente democrático, ambientalmente sustentável e economicamente próspero.

Assim como ninguém nasce ambientalista, as pessoas não nascem corruptas, elas se tornam ecologistas ou corruptas de acordo com a transformação do mundo. É por isso que o Natal precisa deixar de ser um período de festas, presentes e comemorações para se tornar um período de reflexão, amadurecimento, reposicionamento, solidariedade, catarse e simplicidade. Um sonho ainda longe de ser alcançado por muito brasileiros...


Por: L. Gonçalo.

Foto: www.jornalbr.com

2 comentários:

  1. Boa matéria!!! Parabéns! Natal realmente tem que deixar de ser entrega de presentes, farra, matança de inocentes animais, hipocrisia pura: os mortos no centro da mesa e os vivos ao redor!!! Natal tem que ser reflexão!!!

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    1. Boa reflexão Maria José Nia. Obrigada por ler e comentar nossa postagem.

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