O QUE NÃO TINHA VALOR AGORA É SINÔNIMO DE ENERGIA E RENDA
Quando falamos em
sustentabilidade duas questões são fundamentais para garantir o desenvolvimento
econômico e ambiental. A primeira é a demanda crescente de energia e a segunda
o volume de lixo gerado pelas cidades. Uma equação que constitui um
dos grandes desafios tecnológicos da atualidade.
No tocante ao lixo duas preocupações
emergem: 1ª ) Onde colocar? 2ª )O que fazer com esse resíduo? O armazenamento
dos resíduos sólidos é uma atividade complexa com grandes impactos no ambiente.
Para reduzir o volume de lixo alguns países resolveram investir na obtenção de energia
a partir do lixo, que pode ser feita através da queima direta dos resíduos
(waste-to-energy) ou a queima do biogás produzido a partir da decomposição da
matéria orgânica do lixo.
De acordo com Trigueiro (2013), existem aproximadamente
1,5 mil usinas térmicas que queimam o lixo para gerar energia ou calor no mundo.
Mas essa tecnologia é cara e o custo do megawatt-hora é bastante
elevado em relação à energia convencional. Mesmo assim é uma alternativa
interessante porque reduz o volume de lixo a apenas 12% do seu volume original,
podendo reutilizar as cinzas como base de asfalto ou matéria-prima para a
construção civil.
Mas como o Brasil dispõe de espaço
para implantação de aterros em vez da queima do lixo é mais viável a queima do gás do lixo. O biogás, gás gerado pela decomposição
da matéria orgânica descartada como lixo e transformada em metano, é um gás
combustível que agrava o efeito estufa. A simples queima
do metano permite transformar CH4 (metano) em CO2
(dióxido de carbono) que é menos estufa que o biogás.
Além disso, desde o Protocolo de Kyoto a emissão de Créditos de Carbono, que é a conversão da quantidade de metano queimado em papel com valor de mercado, para os países ricos e signatários gera uma renda que pode ser importante para o Brasil.
Pensando nessa possibilidade São Paulo instalou, em 2004, a primeira usina de biogás do país no Aterro Bandeirantes e
depois instalou a segunda no Aterro São João. Os dois aterros respondem por mais de 2% de toda a energia
elétrica consumida na maior cidade do país e já venderam mais de R$ 70 milhões
de créditos de carbono, dos quais 50% ficaram com a Prefeitura.
Outro projeto interessante está acontecendo no município de Duque de Caxias, Estado
do Rio de Janeiro. Lá uma empresa privada investiu mais de 250 milhões de reais
para explorar o biogás acumulado no Aterro de Gramacho. A empresa vai coletar o
metano gerado nos quase 35 anos de lançamentos diários dos resíduos do Rio de
Janeiro e de boa parte da Região Metropolitana e fornecer o gás para a
Refinaria Duque de Caxias (da Petrobras). O biogás vai suprir 10% da demanda
energética da Reduc. Serão 70 milhões de m³ de biogás
por dia nos próximos 15 anos, um volume de gás suficiente ao abastecimento de
todas as residências e todos os estabelecimentos comerciais do Estado do Rio. A
operação será iniciada ainda neste primeiro semestre. (TRIGUEIRO, 2013)
A implantação desse projeto abre espaço para a viabilização do aproveitamento energético do lixo com uma política pública
específica, capaz de desonerar os custos e estimular novos investimentos. Dessa forma a produção
monumental de lixo que gera enormes impactos socioambientais pode gerar uma receita extra, de onde muitos jamais esperavam receber um dia
qualquer centavo.
Por: L. Gonçalo.
TRIGUEIRO, André. O lixo que vira energia. In: Jornal O Globo. Disponível em:http://g1.globo.com/platb/mundo-sustentavel/2013/03/01/o-lixo-que-vira-energia/ . Publicado em: 01/03/13. Acesso em: 14/05/13.
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