Depois de divulgar que 65,1% dos entrevistados acham que
roupa justifica ataques as mulheres, O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea) admitiu que houve um erro na divulgação de um gráfico e que apenas 26%
dos entrevistados concordam, total ou parcialmente que com a afirmação “mulheres
que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas” e 70% discordam
totalmente. O erro ocorreu porque houve uma confusão com a questão que pergunta
se os entrevistados concordavam com a afirmação “mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar”. (FOLHA,
2014)
A imprensa enfatizou a diminuição do percentual, mas o que
realmente é importante não foi discutido. Como um instituto de pesquisa pode
divulgar resultados sobre um tema tão relevante sem se preocupar com a
metodologia científica. È claro que a fase de conclusão e divulgação dos dados
inclui uma revisão minuciosa dos resultados, dos gráficos e das estatísticas e
um centro dessa importância não cometeria um erro tão primário.
A divulgação de um erro dessa magnitude não nos dá o direito de afirmar que nossas pesquisas não são confiáveis
ou que houve algum tipo de articulação política ou manipulação, mas nos
permite fazer uma série de questionamento: Até que ponto podemos confiar nesse
resultado? Será que o resultado foi realmente trocado ou houve uma manipulação
em função das campanhas nas redes sociais? Será que a troca de resultados foi
usada para retirar o foco da sociedade de uma discussão política importante?,E até
que ponto as pesquisas de opinião refletem a realidade? As respostas eu não sei
e não posso supor.
A única coisa que posso afirmar é que o erro do Ipea pode
ter consequências muito negativas para o Brasil no tocante a produção de
pesquisa. Além disso, a redução de 65% para 26%, não é algo positivo porque
somos um estado laico de governo democrático, características de um país mais
desenvolvido e menos preconceituoso, mesmo assim a pesquisa revelou que mias de
¼ dos entrevistados revelaram um posicionamento machista.
Espero que o Ipea tenha realmente se enganado e que nossa
sociedade aproveite o acontecimento para discutir e exigir políticas públicas
que assegurem os direitos das mulheres.
Por: L. Gonçalo.
REFERÊNCIAS:
FOLHA. Ipea erra e
26%, e não 65%, acham que roupa justifica ataque. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/04/1435877-pesquisa-que-indica-apoio-a-ataques-a-mulheres-esta-errada-diz-ipea-so-26-concordam.shtml
. Publicado em: 04/04/14. Acesso em: 05/04/14.
Foto: Google Imagens
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