sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

RÁDIOS AM PODEM ESTAR COM OS DIAS CONTADOS


Foto: carnaubafotos.blogspot.com




Decreto assinado pela Presidente da República Dilma Roussef autoriza a migração das emissoras de rádio AM (amplitude modulada) para a banda da FM (frequência modulada). Fato inédito em nível mundial. A migração está autorizada a partir de 1o de janeiro deste ano e pode salvar da extinção milhares de rádios pelo Brasil. O decreto beneficia as rádios de pequeno e médio porte, que no período de 1 ano poderão optar pela migração ou pela ampliação da sua área de cobertura regional. (AUDIOVISUAL, 2013)

Atualmente existem 1772 emissoras de rádio AM no Brasil divididas, conforme o alcance, em locais, regionais e nacionais. O governo não vai mais renovar as concessões do AM para serviço local e quem quiser continuar no AM terá que conseguir cobertura regional. Durante a migração as rádios poderão transmitir em AM e FM por um período de até 5 anos, num sistema similar a migração das TV´s SD para HD. (IDEMA, 2013)

Nas pequenas e médias cidades do país o espaço vago na banda FM é suficiente para abrigar as emissoras vindas do AM. Porém nas grandes cidades e capitais dos estados, o espectro do FM já está congestionado, dificultando e até impedindo a alocação das rádios vindas do AM. Sendo assim, o governo federal optou pela ampliação da banda do FM dos atuais 88,1 a 108Mhz, para 76,1 a 108Mhz, isso será possível devido ao desligamento e devolução ao governo dos canais 5 e 6 de TV SD (Standart Definition) provocada pela implantação da TV HD (High Definition) no país. (IBIDEM, 2013)

As rádios que não conseguirem espaço no espectro atual terão que esperar a liberação desses canais. Ao mesmo tempo o governo vai gerar incentivos para a produção de receptores de rádio FM que operem na nova faixa de frequências, pois os rádios atuais não captam abaixo de 88,1Mhz, sejam eles portáteis, automotivos ou de celulares.


Foto 2: www.revi-vendo.blogspot.com

A migração das rádios do AM para o FM tem uma grande importância social. Ela garante a sobrevivência de milhares de emissoras, a manutenção e até a criação de milhares de empregos pelo país. As rádios AM têm sido sufocadas nas últimas décadas, elas têm perdido muita audiência e patrocínios, primeiro com advento da TV, depois do FM e por fim da internet, que mudou o modo de produção e divulgação de conteúdo informativo. A ampliação de transmissões de sinais dos diversos equipamentos que surgiram após o rádio, poluiu o espectro de sinal do AM, o que piorou sua qualidade de transmissão de som, que já não condiz mais com as modernas tecnologias de comunicação. É por isso que alguns equipamentos de recepção, como os celulares, só tem recepção de FM. Para as rádios AM essa migração soluciona uma gama de problemas, e abre caminho para a evolução e crescimento da emissora, que poderá migrar para as transmissões em FM digital, quando esta ocorrer, junto com as demais emissoras que já estão na FM.

Porém assim como ocorre com a migração das emissoras de TV do SD para o HD, a migração do AM para o FM envolve custos, como projeto, equipamentos de transmissão e antenas novas. Esse custo, segundo os especialistas, não será menor que R$80 mil. Além disso, haverá o custo tributário pois o governo não fará essa migração de graça. Sendo assim, boa parte das pequenas emissoras de AM acabarão por fechar, pois não terão dinheiro para migrar para o FM, outras tantas também não conseguirão se tornar regionais para poderem continuar no AM, e as AM locais não terão suas concessões de funcionamento renovadas.

No lado do consumidor também haverá custos, em dinheiro e tempo, pois milhões de pessoas pelo país só tem rádios AM, e essas geralmente são pessoas pobres que não podem trocar de aparelho tão facilmente. Além delas temos as demais pessoas do país que terão que trocar seus receptores de FM para que sintonizem a nova faixa, abaixo de 88,1Mhz. Ou seja, essa "migração" será difícil e dispendiosa, em maior ou menor nível, para todas as partes envolvidas. Mas para a sobrevivência e desenvolvimento do rádio ela é necessária. Nós que gostamos de ouvir rádio temos que nos esforçar e apoiar essa mudança. 

Por: Fábio Carvalho.  

REFERÊNCIA:

AUDIOVISUAL, Revista Panorama.  Nº:33,. Ano:3. Publicação de  Novembro de 2013.

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