Coluna do mês de fevereiro de 2014
O Carnaval é uma festa
popular que para o país e que movimenta um mercado gigantesco. Há muito tempo o
Carnaval Carioca deixou de ser uma festa popular e se transformou numa
indústria cultural que cresce e se aperfeiçoa a cada ano. São nove meses de
criação e preparação para um espetáculo multisensorial de pouco mais de uma
hora. Mas com orçamentos astronômicos e fantasias de mais de 50 mil reais cabe a
pergunta: qual o destino final das fantasias e adereços? Qual o real impacto do
carnaval para o meio ambiente?
Parte do material é
doado para agremiações mais pobres e é reaproveitado no ano seguinte. Mas quanto
material é realmente aproveitado? Qual o volume de lixo gerado pelo carnaval? E
quanto material é destinado a reciclagem? Esse questionamento parece
perseguição de ambientalista, mas com o avanço tecnológico e a descoberta de
novos materiais é inaceitável que as escolas de samba não tenham projetos de
reciclagem e de redução de materiais de origem animal como plumas e penas.
Muitos podem dizer
que isso prejudicaria as alegorias. Então como podemos explicar a vitória da
Império de Casa Verde em 2005 com um enredo sobre reciclagem cujas fantasias
e alegorias foram confeccionadas com garrafa PET, sacolas plásticas, papelão e
vários materiais recicláveis? Se não fosse possível a referida escola não
repetiria o desafio neste ano com o enredo “Sustentabilidade, construindo um
novo mundo”. Não estou
condenando o carnaval como atividade
altamente impactante que deve ser punida ou proibida, mas estou atentando para
o alcance dessa festividade na promoção de novos conceitos e hábitos que podem contribuir substancialmente
para a sustentabilidade.
Um bom exemplo está sendo dado pela atriz Cristiane
Torloni (ativista ambiental que encabeçou a coleta e encaminhamento de mais de um
milhão de assinaturas ao Congresso Nacional pela preservação da Amazônia e que
defende o fim da violência contra a mulher) que será Rainha de Bateria da Grande
Rio e optou por um figurino inspirado na alta costura sem penas e com muitas
aplicações de cristais e acrílicos. (EGO, 2014) O posicionamento de Torloni desperta a discussão do uso de materiais de origem animal num universo que
dispõe de tecnologia para produzir novas matérias primas e que pode semear novas
ideias e posturas.
É possível transformar esse período de diversão e de "permissão para assumir
comportamentos irresponsáveis e inconsequentes" em algo mais proveitoso. A prova disso é o enredo da Império
de Casa Verde que levará o efeito estufa, a poluição, o
desperdício, as queimadas, a devastação das matas nativas e as alternativas
sustentáveis para a Avenida fazendo do carnaval um canal de
divulgação de conhecimentos e novas posturas. (JATOBÁ, 2014)
O carnaval deve
seguir como festividade, mas precisa ser utilizado de uma forma mais produtiva
e menos impactante para o meio ambiente e para a sociedade porque quatro dias
de folia não deveriam ser recorde em acidentes de trânsito, em assaltos, brigas
e em atendimentos por embriaguez. É preciso entender que a diversão não exclui
a responsabilidade.
Por: L. Gonçalo.
REFERÊNCIAS:
JATOBÁ, Universo.
Carnaval 2014: sustentabilidade chega à avenida. Disponível em: http://www.universojatoba.com.br/carnaval-2014-sustentabilidade-chega-a-avenida/
. Postado em: 19/02/14. Acesso em: 28/02/14.
EGO. Estilista de
Torloni conta que fantasia de 80 mil não terá penas. Disponível em: http://ego.globo.com/carnaval/2014/noticia/2014/02/estilista-de-torloni-conta-que-fantasia-de-r-80-mil-da-atriz-nao-tera-penas.html
. Acesso em: 208/02/14.
Foto: www.benitabrasil.com
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