sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

O CARNAVAL PODE E PRECISA ESTIMULAR À SUSTENTABILIDADE


Coluna do mês de fevereiro de 2014






O Carnaval é uma festa popular que para o país e que movimenta um mercado gigantesco. Há muito tempo o Carnaval Carioca deixou de ser uma festa popular e se transformou numa indústria cultural que cresce e se aperfeiçoa a cada ano. São nove meses de criação e preparação para um espetáculo multisensorial de pouco mais de uma hora. Mas com orçamentos astronômicos e fantasias de mais de 50 mil reais cabe a pergunta: qual o destino final das fantasias e adereços? Qual o real impacto do carnaval para o meio ambiente? 

Parte do material é doado para agremiações mais pobres e é reaproveitado no ano seguinte. Mas quanto material é realmente aproveitado? Qual o volume de lixo gerado pelo carnaval? E quanto material é destinado a reciclagem? Esse questionamento parece perseguição de ambientalista, mas com o avanço tecnológico e a descoberta de novos materiais é inaceitável que as escolas de samba não tenham projetos de reciclagem e de redução de materiais de origem animal como plumas e penas. 

Muitos podem dizer que isso prejudicaria as alegorias. Então como podemos explicar a vitória da Império de Casa Verde em 2005 com um enredo sobre reciclagem cujas fantasias e alegorias foram confeccionadas com garrafa PET, sacolas plásticas, papelão e vários materiais recicláveis? Se não fosse possível a referida escola não repetiria o desafio neste ano com o enredo “Sustentabilidade, construindo um novo mundo”. Não estou condenando o carnaval como  atividade altamente impactante que deve ser punida ou proibida, mas estou atentando para o alcance dessa festividade na promoção de novos conceitos e  hábitos que podem contribuir substancialmente para a sustentabilidade. 

Um bom exemplo está sendo dado pela atriz Cristiane Torloni (ativista ambiental que encabeçou a coleta e encaminhamento de mais de um milhão de assinaturas ao Congresso Nacional pela preservação da Amazônia e que defende o fim da violência contra a mulher) que será Rainha de Bateria da Grande Rio e optou por um figurino inspirado na alta costura sem penas e com muitas aplicações de cristais e acrílicos. (EGO, 2014) O posicionamento de Torloni desperta a discussão do uso de materiais de origem animal num universo que dispõe de tecnologia para produzir novas matérias primas e que pode semear novas ideias e posturas. 

É possível transformar esse período de diversão e de "permissão para assumir comportamentos irresponsáveis e inconsequentes" em algo mais proveitoso. A prova disso é o enredo da Império de Casa Verde que  levará o efeito estufa, a poluição, o desperdício, as queimadas, a devastação das matas nativas e as alternativas sustentáveis  para a Avenida fazendo do carnaval um canal de divulgação de conhecimentos e novas posturas. (JATOBÁ, 2014)

O carnaval deve seguir como festividade, mas precisa ser utilizado de uma forma mais produtiva e menos impactante para o meio ambiente e para a sociedade porque quatro dias de folia não deveriam ser recorde em acidentes de trânsito, em assaltos, brigas e em atendimentos por embriaguez. É preciso entender que a diversão não exclui a responsabilidade.  

Por: L. Gonçalo.

REFERÊNCIAS:

JATOBÁ, Universo. Carnaval 2014: sustentabilidade chega à avenida. Disponível em: http://www.universojatoba.com.br/carnaval-2014-sustentabilidade-chega-a-avenida/ . Postado em: 19/02/14. Acesso em: 28/02/14.
 
EGO. Estilista de Torloni conta que fantasia de 80 mil não terá penas. Disponível em:  http://ego.globo.com/carnaval/2014/noticia/2014/02/estilista-de-torloni-conta-que-fantasia-de-r-80-mil-da-atriz-nao-tera-penas.html . Acesso em: 208/02/14.

Foto: www.benitabrasil.com

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