quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

BRASIL, PAÍS DOS AGROTÓXICOS PROIBIDOS




Desde o ano passado o governo brasileiro vem adiando a nova regulamentação de agrotóxicos no país devido a forte pressão dos ambientalistas e dos órgãos públicos de saúde e meio ambiente. Sabemos que o agronegócio utiliza esses insumos para garantir o aumento da produção e a diminuição das perdas nas colheitas. O problema é que o Brasil é maior importador de agrotóxicos do planeta e utiliza pelo menos 14 tipos de venenos proibidos no mundo pelos riscos à saúde humana.

Para termos uma noção, em 2013 foram consumidos um bilhão de litros de agrotóxicos no país, cerca de 5 litros por habitante. No Brasil o uso de Tricolfon, Cihexatina, Abamectina, Acefato, Carbofuran, Forato, Fosmete, Lactofen, Parationa Metílica e Thiram (que são agrotóxicos cancerígenos e aparecem no corpo humano pela ingestão de água, pelo ar, pelo manuseio dos produtos e até pelos alimentos contaminados) é permitido. Enquanto lamentavelmente o Brasil aceita os referidos agrotóxicos, a União Europeia e nos Estados Unidos consideram as substâncias como lixo tóxico. (ECO&AÇÃO 1, 2014)

Mas o que parece um problema local é muito mais abrangente do que se pensa. Alguns venenos são despejados por pulverização aérea ou com o uso de trator contaminando o solo, lençóis freáticos, hortas, áreas urbanas e depois sobem para atmosfera. Com as precipitações pluviométricas, retornam em forma de “chuva de agrotóxico”. O resultado é a contaminação das plantações atingidas pela chuva e a presença das substâncias em praticamente toda a cadeia alimentar. (IDEM 1, 2014)

A contaminação por agrotóxicos já é uma realidade. Uma pesquisa da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), realizada no município de Lucas do Rio Verde (cidade ícone do agronegócio) analisou amostras de leite materno de mães que pariram entre 2007 e 2010 e verificou que os agrotóxicos aparecem em todas as amostras do leite materno. Dos venenos ainda não banidos os pesquisadores detectaram a presença de Endosulfan, de Deltametrina e de DDE (versão modificada do potente DDT). A pesquisa também verificou que aparecem ainda pelo menos outros três produtos banidos pelo Ministério da Agricultura. (IBIDEM 1, 2014)

Mas a problemática dos agrotóxicos não se limita ao uso de substâncias proibidas.  A questão envolve as esferas políticas e econômicas apadrinhadas pela bancada ruralista que já conseguiu interferir na legislação vigente. Estou falando da Lei n° 12.873 /13 e o Decreto n° 8.133/13, que permite o registro temporário no País em casos de emergência fitossanitária ou zoossanitária sem avaliação prévia dos setores reguladores da saúde e do meio ambiente. Significa dizer que o aparecimento de uma praga nas plantações é motivo suficiente para liberação do uso de agrotóxico necessário ao combate, mesmo que este seja proibido em outro país ou ofereça risco ao meio ambiente. (ECO&AÇÃO 1, 2014)

Indignada com as mudanças na legislação a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou uma carta aberta à sociedade brasileira alertando sobre o perigo na regulação do uso de agrotóxicos e de projetos de lei que flexibiliza a função regulatória do Estado. Segundo a Fiocruz (ECO&AÇÃO 2, 2014), a literatura científica internacional é inequívoca quanto aos riscos, perigos e danos provocados à saúde pelas exposições agudas e crônicas aos agrotóxicos. Para colocar um contraponto às alegações da bancada ruralista no Congresso, a fundação anunciou a criação de um grupo de trabalho que, ao longo dos próximos dois anos e meio, deverá desenvolver a mais profunda pesquisa já realizada no país sobre os efeitos dos agrotóxicos e das sementes transgênicas entre os trabalhadores e comunidades rurais que estão sistematicamente expostos a estes produtos. (ECO&AÇÃO 1, 2014)

De fato nosso país virou mercado de escoamento de venenos recusados pelo resto do mundo, o que torna evidente a necessidade de restringir o uso de agrotóxicos no país e de proibir a flexibilização da legislação, na esfera federal e ou estadual, impedindo a redução de áreas protegidas e liberação de venenos restritos. O alerta foi dado e a população precisa ficar atenta porque não há um único brasileiro que não esteja consumindo agrotóxico.

Se você quer mais informações acesse aqui  a Carta da Fiocruz na íntegra ou adquira o filme “Nuvens de Veneno”, produzido pela referida instituição sobre o uso dos agrotóxicos no país, através dos telefones: (21) 2290-4745 | 3882-9109/9110 | 9111.

Por: L. Gonçalo.

REFERÊNCIAS:

ECO&AÇÃO 1, Instituto. Brasil consome 14 agrotóxicos proibidos na União Europeia e Estados Unidos. Postado originalmente em: EcoDebate. Disponível em:http://ecoeacao2012.blogspot.com.br/2014/02/veneno-nossa-mesa-brasil-consome-14.html . Postado em: 25/02/14. Acesso em: 25/02/14.

ECO&AÇÃO 2, Instituto. Agrotóxicos: Fiocruz publica carta alertando para os perigos de mudanças na lei. Postado Originalmente em: EcoDebate. Disponível em:http://ecoeacao2012.blogspot.com.br/2014/02/agrotoxicos-fiocruz-publica-carta.html , Postado em: 25/02/14. Acesso em: 25/02/14.

Foto: EcoDebate



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