Desde o ano passado o
governo brasileiro vem adiando a nova regulamentação de agrotóxicos no país
devido a forte pressão dos ambientalistas e dos órgãos públicos de saúde e meio
ambiente. Sabemos que o agronegócio utiliza esses insumos para garantir o
aumento da produção e a diminuição das perdas nas colheitas. O problema é que o
Brasil é maior importador de agrotóxicos do planeta e utiliza pelo menos 14
tipos de venenos proibidos no mundo pelos riscos à saúde humana.
Para termos uma
noção, em 2013 foram consumidos um bilhão de litros de agrotóxicos no país,
cerca de 5 litros por habitante. No Brasil o uso de Tricolfon, Cihexatina,
Abamectina, Acefato, Carbofuran, Forato, Fosmete, Lactofen, Parationa Metílica
e Thiram (que são agrotóxicos cancerígenos e aparecem no corpo humano pela
ingestão de água, pelo ar, pelo manuseio dos produtos e até pelos alimentos
contaminados) é permitido. Enquanto lamentavelmente o Brasil aceita os
referidos agrotóxicos, a União Europeia e nos Estados Unidos consideram as
substâncias como lixo tóxico. (ECO&AÇÃO 1, 2014)
Mas o que parece um
problema local é muito mais abrangente do que se pensa. Alguns venenos são despejados
por pulverização aérea ou com o uso de trator contaminando o solo, lençóis
freáticos, hortas, áreas urbanas e depois sobem para atmosfera. Com as
precipitações pluviométricas, retornam em forma de “chuva de agrotóxico”. O
resultado é a contaminação das plantações atingidas pela chuva e a presença das
substâncias em praticamente toda a cadeia alimentar. (IDEM 1, 2014)
A contaminação por
agrotóxicos já é uma realidade. Uma pesquisa da Universidade Federal do Mato
Grosso (UFMT), realizada no município de Lucas do Rio Verde (cidade ícone do
agronegócio) analisou amostras de leite materno de mães que pariram entre 2007
e 2010 e verificou que os agrotóxicos aparecem em todas as amostras do leite
materno. Dos venenos ainda não banidos os pesquisadores detectaram a presença
de Endosulfan, de Deltametrina e de DDE (versão modificada do potente DDT). A
pesquisa também verificou que aparecem ainda pelo menos outros três produtos
banidos pelo Ministério da Agricultura. (IBIDEM 1, 2014)
Mas a problemática dos
agrotóxicos não se limita ao uso de substâncias proibidas. A questão envolve as esferas políticas e econômicas
apadrinhadas pela bancada ruralista que já conseguiu interferir na legislação
vigente. Estou falando da Lei n° 12.873 /13 e o Decreto n° 8.133/13, que
permite o registro temporário no País em casos de emergência fitossanitária ou
zoossanitária sem avaliação prévia dos setores reguladores da saúde e do meio
ambiente. Significa dizer que o aparecimento de uma praga nas plantações é
motivo suficiente para liberação do uso de agrotóxico necessário ao combate,
mesmo que este seja proibido em outro país ou ofereça risco ao meio ambiente. (ECO&AÇÃO
1, 2014)
Indignada com as
mudanças na legislação a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou uma carta
aberta à sociedade brasileira alertando sobre o perigo na regulação do uso de
agrotóxicos e de projetos de lei que flexibiliza a função regulatória do
Estado. Segundo a Fiocruz (ECO&AÇÃO 2, 2014), a literatura científica
internacional é inequívoca quanto aos riscos, perigos e danos provocados à
saúde pelas exposições agudas e crônicas aos agrotóxicos. Para colocar um
contraponto às alegações da bancada ruralista no Congresso, a fundação anunciou
a criação de um grupo de trabalho que, ao longo dos próximos dois anos e meio,
deverá desenvolver a mais profunda pesquisa já realizada no país sobre os
efeitos dos agrotóxicos e das sementes transgênicas entre os trabalhadores e
comunidades rurais que estão sistematicamente expostos a estes produtos. (ECO&AÇÃO
1, 2014)
De fato nosso país
virou mercado de escoamento de venenos recusados pelo resto do mundo, o que
torna evidente a necessidade de restringir o uso de agrotóxicos no país e de
proibir a flexibilização da legislação, na esfera federal e ou estadual, impedindo
a redução de áreas protegidas e liberação de venenos restritos. O alerta foi dado e a população precisa
ficar atenta porque não há um único brasileiro que não esteja consumindo
agrotóxico.
Se você quer mais informações
acesse aqui a Carta da Fiocruz na íntegra ou adquira o filme “Nuvens de Veneno”, produzido pela referida
instituição sobre o uso dos agrotóxicos no país, através dos telefones: (21)
2290-4745 | 3882-9109/9110 | 9111.
Por: L. Gonçalo.
REFERÊNCIAS:
ECO&AÇÃO 1,
Instituto. Brasil consome 14 agrotóxicos
proibidos na União Europeia e Estados Unidos. Postado originalmente em:
EcoDebate. Disponível em:http://ecoeacao2012.blogspot.com.br/2014/02/veneno-nossa-mesa-brasil-consome-14.html
. Postado em: 25/02/14. Acesso em: 25/02/14.
ECO&AÇÃO 2,
Instituto. Agrotóxicos: Fiocruz publica
carta alertando para os perigos de mudanças na lei. Postado Originalmente
em: EcoDebate. Disponível em:http://ecoeacao2012.blogspot.com.br/2014/02/agrotoxicos-fiocruz-publica-carta.html
, Postado em: 25/02/14. Acesso em: 25/02/14.
Foto: EcoDebate
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