Estamos no século XXI e questões
fisiológicas como Menstruação não deveria ser tabu, mas em alguns países como
a Índia elas são. As garotas indianas
que vivem em vilarejos rurais, tem sua vida escolar comprometida porque precisam
ficar em casa durante os cinco ou seis dias de menstruação e acabam faltando às
aulas e provas. O mesmo acontece com as mulheres que ficam impedidas de trabalhar, frequentar o
templo e fazer comida enquanto estão menstruadas. Um impacto que se reflete
sobre os ganhos da família e sobre o futuro das mulheres.(BELL, 2014)
Pensando na evasão escolar
feminina e na perda de renda das mulheres que precisam sustentar suas famílias,
o indiano Arunachalam Muruganantham, filho de mãe solteira e nascido numa
família pobre de Coimbatore, no sul da Índia, teve a ideia de criar um
absorvente higiênico que fosse acessível a população dos vilarejos indianos. Mas como um absorvente higiênico pode melhorar a vida de uma população? (IDEM, 2014)
A menstruação tem uma função
fisiológica e por ser uma questão feminina não pode ser discutida com homens,
além disso, os absorventes higiênicos são um produto muito caro na Índia e as
mulheres de regiões pobres tem que usar panos reutilizáveis. Os panos não são
confortáveis e causam vazamentos, além disso, precisam ser lavados e esterilizados
ao sol. Mas as mulheres que usam panos têm vergonha de estendê-los
ao sol. A não desinfecção dos panos leva a aproximadamente
70% das doenças reprodutivas causadas por falta de higiene menstrual. “De
acordo com o The Times of India, apenas 12% de 355 milhões de mulheres que menstruam
usam absorventes higiênicos.” (BELL, 2014, p.1)
Depois de perceber a vergonha de
sua esposa ao esconder um pano sujo durante o período menstrual, Muruga
resolveu presenteá-la com absorventes descartáveis e ao receber o pacote de absorvente embrulhado em muito jornal, como se fosse um produto contrabandeado, ele percebeu que além de
ser algo vergonhoso, o absorvente era muito caro porque um absorvente, que
pesava menos que 14 gramas, era vendido 40 vezes mais caro que o algodão cru.
Foi aí que ele resolveu fabricar
seus próprios absorventes. Da ideia até a construção da máquina de absorventes
foram anos de estudos, experimentos e rejeições. Muruga começou com uma rede de
algodão, testou em sua esposa, pediu ajuda das irmãs, foi abandonado pela
esposa e pela família que acharam que ele estava se tornando um pervertido,
testou ele mesmo o produto com auxílio de uma bexiga cheia de sangue de animal,
fez testes com estudantes de medicina, analisou absorventes usados no seu quintal e foi expulso
do vilarejo onde morava, foi dividir um quarto pequeno com cinco pessoas até
receber a ajuda de um professor universitário que pesquisou os materiais
usados. Só então Muruga descobriu que a resposta era usar celulose, e não
algodão.
Mas as máquinas que decompõem a
celulose custavam milhares de libras e sua única opção seria construir sua
própria máquina. Depois de quatro anos e meio de trabalho, ele conseguiu. Hoje,
Muruga tem 250 máquinas que foram adotadas em 1.300 vilarejos
espalhados pela Índia e são operadas e vendidas por mulheres para diminuir o
estigma associado à compra de uma delas.
Com sua máquina Muruga ganhou o Prêmio
de Inovação Nacional do Instituto Indiano de Tecnologia (IIT), em Chennai, e
recebeu o prêmio das mãos do então presidente da Índia, Pratibha Patil. Mas seu
maior orgulho foi ajudar as garotas de um vilarejo tribal a frequentar a
escola, porque agora elas não precisavam mais ficar em casa quando
estão menstruadas. Em de 15 anos de luta para conseguir fabricar um produto simples, Muruga foi capaz de empoderar as mulheres de
sua região dando a elas o direito de lutar pela sua sobrevivência sem precisar
ficar presa a um detalhe fisiológico, ou como ele mesmo afirma “Se você
empodera uma mãe, empodera um país.” (IBIDEM, 2014)
Para conhecer todos os detalhes da história de Muruga click aqui.
Por: L. Gonçalo.
REFERÊNCIAS:
BELL, PORNA. Conheça o homem que
revolucionou o absorvente higiênico em vilarejos da Índia. IN: Brasil Pos/ The
Huffington Post UK. Disponível em: http://www.brasilpost.com.br/2014/06/29/absorventes-india_n_5541372.html
. Publicado: 29/06/2014. Acesso em: 30/06/14.
FOTO: Brasil Post.
Nenhum comentário:
Postar um comentário