quinta-feira, 3 de julho de 2014

INDIANO AJUDA MULHERES A CONTINUAR ESTUDANDO AO FABRICAR ABSORVENTES




Estamos no século XXI e questões fisiológicas como Menstruação não deveria ser tabu, mas em alguns países como a Índia elas são.  As garotas indianas que vivem em vilarejos rurais, tem sua vida escolar comprometida porque precisam ficar em casa durante os cinco ou seis dias de menstruação e acabam faltando às aulas e provas. O mesmo acontece com as mulheres que  ficam impedidas de trabalhar, frequentar o templo e fazer comida enquanto estão menstruadas. Um impacto que se reflete sobre os ganhos da família e sobre o futuro das mulheres.(BELL, 2014)

Pensando na evasão escolar feminina e na perda de renda das mulheres que precisam sustentar suas famílias, o indiano Arunachalam Muruganantham, filho de mãe solteira e nascido numa família pobre de Coimbatore, no sul da Índia, teve a ideia de criar um absorvente higiênico que fosse acessível a população dos vilarejos indianos. Mas como um absorvente higiênico pode melhorar a vida de uma população? (IDEM, 2014)

A menstruação tem uma função fisiológica e por ser uma questão feminina não pode ser discutida com homens, além disso, os absorventes higiênicos são um produto muito caro na Índia e as mulheres de regiões pobres tem que usar panos reutilizáveis. Os panos não são confortáveis e causam vazamentos, além disso, precisam ser lavados e esterilizados ao sol. Mas as mulheres que usam panos  têm vergonha de estendê-los ao sol. A não desinfecção dos panos leva a aproximadamente 70% das doenças reprodutivas causadas por falta de higiene menstrual. “De acordo com o The Times of India, apenas 12% de 355 milhões de mulheres que menstruam usam absorventes higiênicos.” (BELL, 2014, p.1)

Depois de perceber a vergonha de sua esposa ao esconder um pano sujo durante o período menstrual, Muruga resolveu presenteá-la com absorventes descartáveis e ao receber o pacote de absorvente embrulhado em muito jornal, como se fosse um produto contrabandeado, ele percebeu que além de ser algo vergonhoso, o absorvente era muito caro porque um absorvente, que pesava menos que 14 gramas, era vendido 40 vezes mais caro que o algodão cru. 

Foi aí que ele resolveu fabricar seus próprios absorventes. Da ideia até a construção da máquina de absorventes foram anos de estudos, experimentos e rejeições. Muruga começou com uma rede de algodão, testou em sua esposa, pediu ajuda das irmãs, foi abandonado pela esposa e pela família que acharam que ele estava se tornando um pervertido, testou ele mesmo o produto com auxílio de uma bexiga cheia de sangue de animal, fez testes com estudantes de medicina, analisou absorventes usados no seu quintal e foi expulso do vilarejo onde morava, foi dividir um quarto pequeno com cinco pessoas até receber a ajuda de um professor universitário que pesquisou os materiais usados. Só então Muruga descobriu que a resposta era usar celulose, e não algodão.




Mas as máquinas que decompõem a celulose custavam milhares de libras e sua única opção seria construir sua própria máquina. Depois de quatro anos e meio de trabalho, ele conseguiu. Hoje, Muruga tem 250 máquinas que foram adotadas em 1.300 vilarejos espalhados pela Índia e são operadas e vendidas por mulheres para diminuir o estigma associado à compra de uma delas.

Com sua máquina Muruga ganhou o Prêmio de Inovação Nacional do Instituto Indiano de Tecnologia (IIT), em Chennai, e recebeu o prêmio das mãos do então presidente da Índia, Pratibha Patil. Mas seu maior orgulho foi ajudar as garotas de um vilarejo tribal a frequentar a escola, porque agora elas não precisavam mais ficar em casa quando estão menstruadas. Em de 15 anos de luta para conseguir fabricar um produto simples, Muruga foi capaz de empoderar as mulheres de sua região dando a elas o direito de lutar pela sua sobrevivência sem precisar ficar presa a um detalhe fisiológico, ou como ele mesmo afirma “Se você empodera uma mãe, empodera um país.” (IBIDEM, 2014)

Para conhecer todos os detalhes da história de Muruga click aqui.

Por: L. Gonçalo.

REFERÊNCIAS:

BELL, PORNA. Conheça o homem que revolucionou o absorvente higiênico em vilarejos da Índia. IN: Brasil Pos/ The Huffington Post UK. Disponível em: http://www.brasilpost.com.br/2014/06/29/absorventes-india_n_5541372.html . Publicado: 29/06/2014. Acesso em: 30/06/14.

FOTO: Brasil Post.



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