segunda-feira, 19 de maio de 2014

CULTIVO DE SEMENTES TRADICIONAIS PODE SUBSTITUIR O CULTIVO DE TRANSGÊNICOS E GARANTIR MAIS SEGURANÇA ALIMENTAR





Enquanto vários países da Europa estão elaborando leis para controlar ou proibir os transgênicos, os pequenos agricultores da Paraíba utilizam uma tradição familiar de cultivar sementes nativas que garantem produtos orgânicos e resistentes à seca. Conhecidas como “Sementes da Paixão”, as sementes crioulas de variedades tradicionais são resistentes à seca e se adaptam facilmente aos diferentes microclimas da região do semiárido paraibano. 

As sementes crioulas são naturais e não impactam o meio ambiente nem a saúde dos seu consumidores e não precisam ser compradas porque são guardadas pelos próprios agricultores a cada colheita, ou seja, é uma cultura sustentável que está sendo fortalecida pelo Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Remígio (PB), em parceria com a ASPTA (organização não-governamental que valoriza a agricultura familiar e a agroecologia), nas cidades do semiárido paraibano. Uma lavoura de sementes da paixão consiste no máximo aproveitamento das áreas das pequenas propriedades, ou seja, no mesmo roçado (área destinada ao cultivo) é possível plantar vários alimentos ( fava de moita, fava de rama, milho, feijão, abóbora, sorgo) gerando uma diversificação da produção e uma rotatividade do solo que inibe  enfraquecimento da terra.

Na Paraíba, cerca de 8,2 mil famílias trabalham com as sementes da paixão. Uma tradição que devolveu ao agricultor familiar a possibilidade de se manter em suas terras, de conviver com a seca, de voltar a abastecer o mercado local e de tirar de suas pequenas propriedades o sustento de suas famílias. Mais que uma semente resistente, a “Semente da Paixão” é a devolução do campo ao pequeno agricultor que começa a ser valorizado e que, por isso mesmo, retribuem essa fartura através dos bancos de sementes ou bancos comunitários, que são cômodos dentro de casa para guardar as sementes da propriedade e dos vizinhos até o próximo período de chuva. A seleção das "Sementes da Paixão" é feita, pelos próprios agricultores, de maneira criteriosa e armazenada em garrafas Pets ou silos de forma artesanal e sem adição de pesticidas ou conservantes sintéticos. Para assegurar a replicação das sementes em mais propriedades os agricultores paraibanos promovem encontros para trocar sementes. (RURAL, 2014)

O estímulo ao resgate das variedades crioulas no estado da Paraíba foi homologada com a publicação de uma lei que, somada a uma resolução federal na legislação de sementes e mudas, alterou a classificação das referidas sementes de grãos para sementes. Essa alteração dá ao agricultor a possibilidade de negociar sua produção em ambas categorias em todo mercado nacional o que contribuiu para o fortalecimento desse trabalho. (IDEM, 2014) 

Se em vez de abrir as pernas para os grandes laboratórios agrícolas e para indústria dos pesticidas o Governo Federal investisse no incentivo a distribuição de sementes crioulas, não seríamos forçados a comer milho transgênico e nem estaríamos expostos a tanto agrotóxico. Nossa esperança está nos sindicatos rurais, nas Ongs que estimulam esse tipo de produção e nos pequenos produtores que seguem passando a frente, de geração em geração, as sementes que se tornaram uma bandeira de resistência à seca e de afirmação da agricultura familiar do Nordeste.

Por: L. Gonçalo.

REFERÊNCIAS:


RURAL, Globo. Agricultores da PB usam sementes crioulas que resitem a seca no nordeste. Disponível em: http://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2014/05/agricultores-da-pb-usam-sementes-crioulas-que-resistem-seca-no-ne.html . Publicado em: 18/05/14. Acesso em: 18/04/14.

Foto: Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Remígio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário