Foto: www.fiocruz.br
REFUGIADOS
AMBIENTAIS: UM PROBLEMA DE TODOS
A degradação ambiental tem sido a causa do deslocamento de um grande número de pessoas ao redor do mundo. É comum ver nos noticiários cidades assoladas por enchentes, pessoas soterradas por abalos de terra, mutiladas devido a desastres nucleares. E esse tipo de situação pode se intensificar provocando a realocação de grupos populacionais, com reflexos na redistribuição espacial da população.
As pessoas que vivem
em vulnerabilidade social e que são afetadas pelas mudanças do clima são
chamadas de refugiados ambientais, eco-refugiados ou refugiados climáticos. O Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) define refugiados ambientais como:
“pessoas que foram obrigadas a abandonar temporária ou definitivamente a zona
onde tradicionalmente vivem, devido ao visível declínio do ambiente (por razões
naturais ou humanas) perturbando a sua existência e/ou a qualidade da mesma de
tal maneira que a subsistência dessas pessoas entra em perigo”. (ONU, 2009)
De acordo com dados
da ONU, até o ano de 2010, o mundo terá cerca de 50 milhões de refugiados
ambientais e, em 2050, o número será de 200 milhões de pessoas. Entre eles
estão habitantes de ilhas que desaparecerão (Ilhas do Pacífico. Tuvalu, Ilhas
Maldivas), populações de áreas atingidas por tempestades e furacões e terras
que se tornarão improdutivas obrigando o êxodo de seus moradores. Os desastres
ambientais que mais causam o êxodo de pessoas são: o esgotamento do solo, a
desertificação, as enchentes, os terremotos, os furacões e outros desastres
naturais.
Em 2010 um terremoto de 7,2 graus na escala Richter, devastou o Haiti. Pelo menos 200 mil pessoas morreram e outras 300 mil ficaram feridas. A cidade de Porto Príncipe foi destruída e uma mobilização internacional, liderada pelos Estados Unidos e Brasil, começou a enviar pessoal especializado para trabalhar no resgate e no cuidado dos feridos (FLÁVIA, 2010).
Três anos se passaram
e o Haiti ainda continua em situação de calamidade. Tentando fugir dessa
situação os haitianos estão entrando ilegalmente no Brasil pela fronteira do Peru
e Bolívia. As cidades de Brasileia e Epitaciolândia, no Acre, foram as mais
atingidas pela onda de imigração. O resultado desse fluxo migratório foi um
aumento de 10% da população e um gasto anual de mais de um milhão de reais para
sustentar os haitianos que entram ilegalmente no Brasil. (CARVALHO, 2012) Desde 2010
já passaram pela Acre e Amazonas mais de 6 mil haitianos que seguiram para
outros estados após conseguirem visto humanitário e documentos brasileiros.
Apesar do Alto
Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) tentar criar uma instrumentalização
jurídica que regule internacionalmente a proteção e os direitos dos refugiados
ambientais na conferência do relatório de "Alterações Climáticas e Cenários
de Migrações Forçadas", realizado em 2008 na cidade de Poznan (Polônia);
tal tentativa não se consubstanciou em tratado internacional. Por isso os
países não tem obrigação de acolher de forma efetiva os interesses dos
refugiados ambientais, lhes proporcionando qualidade de vida e dignidade
humana. (GARCIA e GONÇALVES, 2011)
Essa onda migratória
não ocorre apenas entre países. Ela é constante num país continental como o
nosso. Anualmente brasileiros são obrigados a deixar seu local de origem para
fugir das dificuldades impostas pelo clima e se tornam refugiados ambientais. Acontece
com os nordestinos que tentam fugir da seca e buscam o sustento da família no
sudeste. Acontece com os cariocas e paulistas que ficam desabrigados em função
das enchentes e queda de barreiras. Se o Brasil não dá conta de acolher seus próprios refugiados ambientais como vai acolher os estrangeiros? E o governo responde que irá liberar verbas e fazer projetos para solucionar o problema. Apenas promessas!
Fica a pergunta:
quando usaremos a tecnologia e a ciência para melhorar nossa convivência com o
meio ambiente e evitar que pessoas continuem sem destino?
Por: L. Gonçalo.
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REFERÊNCIAS:
Agência Brasil -
Luana Lourenço. Disponível em:
www.acnur.org/t3/portugues/documentos/?tx_danpdocumentdirs_pi2[mode]=1&tx_danpdocumentdirs_pi2[folder]=65
(consultado em abril/2009).
CARVALHO, Cleide. Acre
não tem como lidar com haitianos que não param de chegar. Disponível em: http://oglobo.globo.com/pais/acre-nao-tem-como-lidar-com-haitianos-que-nao-param-de-chegar-3555215#ixzz2Pup0qn58v.
Acesso em: 01/04/13.
FLAVIA, ANA.
Terremoto de grandes proporções assola Haiti. Disponível em: http://anaflaviajornalismo.blogspot.com.br/2010/04/terremoto-de-grandes-proporcoes-assola.html.
Publicado em 2010. Acesso em: 01/04/13.
GARCIA, Evelin e
GONÇALVES, Allyson Júlio. Refugiados ambientais: um desafio internacional.
Disponível em: http://jus.com.br/revista/texto/14128/refugiados-ambientais-um-desafio-internacional#ixzz2PuoG8Qu6.
Acesso em: 01/01/13.
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