Nessa luta popular por mudanças decidimos republicar a Coluna de Junho para repensarmos nosso posicionamento diante das questões nacionais.
BRASIL: MUITO DISCURSO E POUCA PRÁTICA
Nosso país conseguiu diminuir as emissões de gases estufa, mas continuou desmatando a Mata Atlântica. Nosso governo prioriza a matriz energética do carbono em vez das matrizes energéticas renováveis. Índios ainda sofrem com a demarcação de terras. São questões antigas que continuam sem solução e metas estabelecidas em acordos internacionais que continuam apenas no papel.
Temos cientistas capazes de criar novas tecnologias e de definir projetos para o melhor uso dos recursos naturais e a recuperação de áreas degradadas. Podemos investir apenas em energia limpa e sermos energeticamente autossuficientes, mas nosso governo prefere construir mais uma usina nuclear e uma hidrelétrica. Temos um potencial de aproveitamento de lixo e esgoto capaz de suprir cidades inteiras, mas ainda não conseguimos sequer estabelecer a utilização de aterros sanitários.
Fico me perguntando, como um país com expressões ambientalistas de vanguarda, reconhecido e respeitado internacionalmente, e que assinou protocolos e acordos internacionais para o desenvolvimento sustentável figura apenas no discurso?
Até quando vamos admitir que um governo que detém o pulmão do mundo e a maior biodiversidade do planeta continue estimulando o desmatamento, a poluição e a aniquilação de biomas que asseguram o equilíbrio da vida? Até quando permitiremos que o dinheiro público seja aplicado em eventos e obras de empresas particulares (como o Itaquerão e demais estádios de clubes) em vez de serem destinados a proteção e recuperação do meio ambiente?
Nossa intenção não é dizer que o meio ambiente é uma responsabilidade exclusiva do governo, mas estabelecer nossa responsabilidade nesse processo e admitir que incentivamos esse tipo de comportamento ao aceitarmos a política do consumo exacerbado e entregarmos as decisões unicamente aos órgãos competentes. Precisamos assumir o compromisso e fazer a nossa parte não votando em políticos que não se posicionam em defesa do meio ambiente. É preciso exigir ações ambientais na mesma proporção que exigimos melhor atendimento médico.
Eu tive a chance de tomar banho de mar em praias limpas e bonitas, de fazer trilhas na Mata Atlântica, de nadar em cachoeiras, de beber água de nascente, de ver de perto um peixe-boi... Se não fizermos nada, em pouco mais de trinta anos, esse depoimento soará como discurso de ficção científica para meus netos que não terão a mesma chance que eu. Somos a nação em desenvolvimento mais expressiva da América e precisamos agir como tal. Posicione-se!
Por: L. Gonçalo.
FOTO: Estrada de Ferro de Mariana - MG de L. Gonçalo.
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