terça-feira, 22 de outubro de 2013

INVASÃO EM INSTITUTO DE PESQUISA GERA POLÊMICA SOBRE INDÚSTRIA FARMACÊUTICA


ENTENDA O QUE ESTÁ POR TRAZ DA DISCUSSÃO DO USO DE ANIMAIS EM LABORATÓRIO



A invasão, na semana passada, ao Instituto Royal, que começou com um protesto contra o uso de animais como cobaias e terminou com a retirada de todos os cães da raça Beagle que estavam no instituto gerou uma discussão polêmica. De um lado os defensores dos animais que denunciavam maus tratos e pediam o fim da prática, do outro a comunidade científica que afirma o cumprimento da lei e a necessidade de uso das cobaias.

Na mesma época do acontecido recebi de um leitor o envio do vídeo “A Engrenagem” do Instituto Nina Rosa, que trata da indústria de proteína animal e dos seus impactos econômicos, sociais e ambientais. O vídeo faz um discurso enfático sobre os impactos da indústria da proteína animal e defende com veemência o vegetarianismo.

O ponto de convergência entre o discurso do referido vídeo e o uso de animais em experimentos científicos é o consumismo. No vídeo “A engrenagem” a argumentação se baseia na informação. Os apresentadores utilizam dados reais para ilustrar o impacto da indústria de proteína animal e faz um comparativo entre os índices de produção de proteína animal e de vegetais e vai além, também questiona nosso posicionamento ao defender algumas espécies animais em detrimento de outras.

Na invasão ao Instituto Royal os manifestantes resgataram apenas os beagles. Se o instituto lidasse exclusivamente com ratos cobaias será que a discussão seria a mesma? O que convém nessa discussão não é nosso apreço pelos animais domésticos e sim nosso posicionamento perante o nosso planeta. É triste pensar que um rato nasce e vive exclusivamente para servir de teste para produtos que nós usaremos. A  questão é: que diferença existe entre criar um animal para pesquisa e criar animais que serão posteriormente abatidos para nosso bel prazer? Nenhuma, ambas indústrias estão respondendo a uma demanda de consumo nossa e só nosso olhar e postura frente ao meio ambiente pode mudar esse cenário.

O uso de animais para pesquisa segue uma legislação e, em dados estatísticos, é menos impactante que a produção de codornas. Além disso a ciência não escolhe usar cobaias por conveniência, este uso ainda é praticado porque não existe tecnologia suficiente para dispensar o uso dos animais.

A discussão gerada pelos beagles é um excelente gancho para um questionamento nacional sobre o consumismo que é a ponta do iceberg dessa questão. As indústrias farmacêuticas e cosmética só estão desenvolvendo mais produtos porque nós consumismo cada vez mais. A indústria da proteína animal só cresce porque nós queremos mais carne e nessa escolha do que consumir a maioria da  população não pensa na cadeia produtiva, ela só considera o produto. A maioria das pessoas não pensa como aquilo foi produzido, qual o processo de produção, que impactos teve na natureza. Nossa única preocupação é quanto custa e quanto posso levar.

O vídeo do Instituo Nina Rosa é um excelente ponto de partida para uma reflexão sobre nossas escolhas, desejos e preocupações e deve ser amplamente discutido e divulgado. Mas antes de nos pronunciarmos acerca do uso de animais para pesquisa acho necessário questionarmos por que não nos é agressivo permitir que bois, vacas, ovelhas, avestruzes, bodes, peixes, camarões, coelhos, aves e demais animais comestíveis sejam criados unicamente para serem abatidos? Por que não podemos cogitar o fato de um animal doméstico ser comido ou usado em laboratório, mas podemos aceitar que bezerros sejam apartados das mães e alimentados exclusivamente com leite, numa baia sem movimentação para não estimular os músculos e produzir um bife muito macio e suculento (o chamando baby bife)? 

Porque gostamos de consumir, gostamos da comodidade, mas não temos a coragem de admitir nossa impiedade e nosso senso de superioridade sobre a natureza. Assim fica mais fácil bradar por causas pouco discutidas e esquecer a causa central: nosso posicionamento no planeta.  Não estou fazendo um discurso de defesa do vegetarianismo porque acho que é uma escolha pessoal, mas estou defendendo a escolha sustentável. 

Se você percebe os impactos da produção de proteína animal, então tome uma atitude, reduza o consumo de carnes, comece a privilegiar os vegetais, não coma determinados tipos de carnes. Se você percebe  os impactos dos testes em animais então consuma produtos artesanais. Seja responsável, assuma seus atos até porque é fácil pedir o fim das pesquisas em animais, mas duvido que  alguém faça isso se tiver um familiar necessitando de uma esperança que está sendo desenvolvida num laboratório. É preciso romper o véu do discurso e partir para prática. A defesa aos animais deve ser ampla e coerente e não pode se restringir aos animais ameaçados de extinção ou aos animais domésticos.

Mais informações sobre testes em animais assista o debate da Globo News (aqui)

Entendam o que está por traz da indústria de proteína animal:







Por: L. Gonçalo

Foto: G1 de Sorocaba e Jundiaí- Reportagem de Elisângela Marques 
Vídeo: Instituto Nina Rosa retirado do You Tube

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