sexta-feira, 21 de junho de 2013

PROFESSOR DA PUC-RIO IMPLANTA DISCIPLINA DE MEIO AMBIENTE NO CURSO DE COMUNICAÇÃO - RIO DE JANEIRO-RJ



 PROF. ANDRÉ TRIGUEIRO FALA SOBRE COMUNICAÇÃO E MEIO AMBIENTE 



A Pontifícia Universidade Católica do Rio e Janeiro (PUC-Rio) aumento os horizontes da comunicação ao implantar em 2004 a disciplina Jornalismo Ambiental. A responsabilidade de definir o formato e conteúdo da disciplina ficou a cargo do jornalista e especialista em Gestão Ambiental pela COPE/UFRJ, André Trigueiro, que se inspirou na então única disciplina da área, da Profa. Ilza Giradi da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), para criar um conteúdo que trouxesse as importantes discussões teóricas da área, mas que fosse mais pragmático na forma como lida com as situações do cotidiano, dentro do ofício de jornalista.

A disciplina tem dois momentos sendo o primeiro conceitual que envolve ecologia, sustentabilidade, meio ambiente, visão sistêmica e desenvolvimento sustentável. E um segundo momento voltado a cobertura de eventos relacionados a esses assuntos como: mudanças climáticas, resíduos sólidos, água, transgênicos, planejamento urbano entre outros.

Trata-se de uma disciplina eletiva da grade de comunicação aberta a todas as graduações do campus da Gávea. Para melhorar a incorporação da disciplina nos currículos de todos os cursos da PUC-Rio, a disciplina sofreu uma alteração no nome em 2009, e passou a ser designada de Comunicação e Meio Ambiente. Até o momento a disciplina já teve mais de 350 alunos e vem contribuindo para o Projeto Universidade Sustentável da instituição.

Para discutir melhor a relação comunicação e meio ambiente vamos publicar um trecho da  entrevista de André Trigueiro para a pesquisa “Formação ambiental em jornalismo: o caso da PUC-Rio e da UFPB”, em 2010. Na ocasião o professor falou sobre a disciplina e de como se dá a relação comunicação e meio ambiente.


Ambiente e Diversidade: O jornalismo ambiental está entrando nos cursos de comunicação de forma muito pontual, nas salas de aula, ou através de disciplinas como a sua. Você acha que a aprendizagem através de conteúdo disciplinar é suficiente para formar profissionais capacitados a abordagem ambiental?

André Trigueiro: "Não e sim. Não no sentido de que jamais um curso poderá pretender-se autossuficiente para capacitar a esse nível qualquer aluno. Sim no sentido de que o curso abre o apetite do aluno para buscar outras leituras, cursos, contatos com pessoas, pesquisas em internet e a partir daí tudo pode acontecer".

Ambiente e Diversidade: Quais são as maiores dificuldades no processo de formação ambiental?

André Trigueiro: "Culturais basicamente, porque a gente tá falando de um assunto controverso e em alguns pontos subversivo. De assuntos que incomodam e as vezes a gente prefere não acessar, porque eles  dizem respeito a uma serie de constrangimentos, contradições, paradoxos e necessidades de se posicionar. O assunto ambiental é um assunto político, filosófico, religioso e holístico.  A gente tá vivendo um mundo da dispersão. Essa garotada dessa faixa etária, ela tá muito interligada na rede virtual e em diferentes mídias. Mas o assunto ambiental te conecta com algo que você não pode fugir, como o ar que você respira, o alimento que você ingere, á água que você consome, o lixo que você descarta. Tudo isso é sensorial daí a importância de abordar conteúdos que lhe diz respeito".

Ambiente e Diversidade: Pra você como se dá a relação comunicação e meio ambiente?

André Trigueiro: "Filosoficamente comunicação é meio ambiente. Tudo no universo se comunica. Tudo está em comunicação sensorial ou não sensorial. Nós não conhecemos todas as formas de comunicação que o universo estabeleceu para existir e se sustentar. Então, filosoficamente, o meio ambiente entendido como tal, ele só existe em função de uma comunicação que flui. O geógrafo americano vencedor do Prêmio Pulitzer de Literatura, Jerry Diamonds, no livro: 'Colapso: como as sociedades escolhem o sucesso ou o fracasso', observa que várias civilizações do passado desapareceram do mapa a partir do momento que deixaram de ser sustentáveis. Elas exauriram o solo fértil, elas destruíram florestas e os aquíferos desapareceram. Jerry Diamonds observa o seguinte: nossa civilização atual tem dois trunfos importantíssimos para não repetir os erros das outras. Primeiro nós temos a arqueologia que permite observar os erros dos outros. Ou seja, os estudos arqueológicos podem estabelecer uma cadeia de eventos sucessivos. Segundo, nós temos a comunicação. Comunicar a necessidade de não repetir os erros dos nossos antepassados e sinalizar os caminhos que a gente deve seguir para não recorrer no mesmo equívoco. Então comunicação é sobrevivência, é a capacidade de usar todas as tecnologias de hoje, em escala global, em nosso favor. De que maneira? Não banalizando o uso dessas ferramentas e nos comunicando melhor naquilo que é interessante a nossa espécie, reduzindo pegada ecológica, consumindo de forma consciente e descobrindo os meios de não repetir os erros daqueles que desapareceram".     

Como se vê a relação comunicação e meio ambiente é natural e a inclusão da discussão ambiental, seja na forma de debate ou de disciplina, é de fundamental importância na formação dos novos profissionais que precisam entender como funciona o pensamento sistêmico e como adaptar suas áreas de conhecimento para um mundo que precisa buscar a sustentabilidade. São experiências como a do Prof. André e da Profa. Ilza Girardi que fazem diferença nas redações de rádios, TVs, sites e jornais.

 Por: L. Gonçalo.

REFERÊNCIA:

GONÇALO, Luciana L. B. Formação Ambiental em Jornalismo: o caso da PUC-Rio e da UFPB. Dissertação de Mestrado aprovada pelo Programa Regional de Desenvolvimento em Meio Ambiente da Universidade Federal da Paraíba (PRODEMA/UFPB). João Pessoa, 2011. (Em processo de publicação).

FOTO: L. Gonçalo.

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