sexta-feira, 26 de julho de 2013

RIO NÃO ESTÁ PREPARADO PARA EVENTOS INTERNACIONAIS


BRASIL E OS EVENTOS INTERNACIONAIS


No vídeo de candidatura do Rio de Janeiro para as olimpíadas de 2016 o povo carioca é retratado como sendo instruído, bilíngue, alegre, receptivo e preparado para receber todos os países de braços abertos. Figurando como uma cidade maravilhosa com espaços públicos bonitos e gratuitos, uma baía limpa e adequada para a prática de esportes, ruas seguras e transporte público de qualidade. Tudo lindo e maravilhoso no vídeo.

Apesar da linda campanha de marketing os problemas de transporte e infraestrutura foram questionados e o governo garantiu que se adequaria ao padrão desejável. O discurso era colorido e pomposo. O Rio foi escolhido e as obras começaram. Mas a promessa do governo na melhoria dos serviços públicos não veio.

Neste ano o Rio foi testado com dois eventos internacionais: a Copa das Confederações e a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Do nada o povo brasileiro começou a assistir a dedicação dos nossos governantes para construir a infraestrutura necessária para os eventos, mas a falta de planejamento dos envolvidos nos projetos ficou evidente e se refletiu nos orçamentos  e na demora das obras.

Cansado de promessas e explicações superficiais o povo  se deu conta que os investimentos na copa  não melhorariam a saúde, a educação , o transporte público e a segurança da cidade. O povo se sentiu injustiçado e abandonado por ver a priorização dos eventos acima dos serviços básicos da população que morre a míngua sem nunca usufruir dignamente dos impostos pagos.

Depois de inúmeras manifestações populares, os governantes sentiram um alívio com a vinda do Papa que tiraria a insatisfação política do centro das atenções. Mas o tiro saiu pela culatra porque a incapacidade de receber eventos internacionais de grande porte emergiu logo no primeiro trajeto do Papa em solo carioca. O que pareceu um equívoco logo se mostrou uma realidade. Mesmo com meses de planejamento o Rio não está pronto para receber eventos desse porte, a prova disso foi o colapso do sistema de metrô, reservado para os participantes da JMJ nos horários de rush, a falta de sinalização e de informações para orientar os peregrinos, a transferência de última hora de evento Guaratiba para a praia de Copacabana e a dificuldade de acesso aos locais dos eventos.

O fato é que os peregrinos da JMJ sentiram na pele os desafios enfrentados pelos cariocas todos os dias. O descaso do governo com o transporte público, o trânsito infernal, a dificuldade de informação, a falta de segurança e o cansaço de um povo que não sorri o tempo todo como no vídeo da candidatura as Olimpíadas de 2016. Diferentemente do que foi retratado no vídeo, o Rio não é uma cidade maravilhosa. O carioca não transitam nas ruas com segurança, nosso transporte público é caótico, ir a praia é um desafio logístico e visitar os pontos turísticos requer paciência e dinheiro. Sem falar da Baía de Guanabara que é poluída e inadequada para os esportes olímpicos.

A Jornada Mundial da Juventude mostrou que não podemos garantir nem uma estrutura logística de qualidade, nem o cumprimento da programação do evento porque uma virada no clima é suficiente para alterar tudo de última hora. Não bastassem os problemas de infraestrutura, a prefeitura enfrentou acusações de uso de dinheiro público na JMJ que foram desmentidos pelo Prefeito. Segundo Eduardo Paes todos os custos da JMJ são da Comissão Organizadora do Evento, a Prefeitura só entrou com o apoio normal para eventos públicos que são coleta de lixo, policiamento, controle de trânsito. 

Se a afirmação fosse de todo verdade, se o dinheiro público não está sendo aplicado no evento, quem está pagando a monitoração do espaço aéreo, marítimo e urbano? Quem está pagando o transporte aéreo do Papa, feito nas aeronaves da FAB? Quem está pagando os seguranças e policiais militares e federais? Somos nós, é claro!

O financiando público na JMJ não está ocorrendo de forma massiva como na Copa do Mundo, mas está garantido a realização do evento  e afirmar isso seria um gesto decente. O fato é que o mundo pôde ver que o Rio de Janeiro não está preparado para promover eventos internacionais de grande porte e que de maravilhosa a cidade só tem as belezas naturais porque a estrutura só existe nas promessas dos governantes.

Apesar dos problemas a JMJ serviu para mostrar ao mundo que o carioca é, em sua essência um povo de fé, porque só com muita fé e coragem  é possível enfrentar os desafios cotidianos do Rio.


Por: L. Gonçalo.

FOTO: Alba Valéria Mendonça - G1


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