BRASIL
E OS EVENTOS INTERNACIONAIS
No vídeo de
candidatura do Rio de Janeiro para as olimpíadas de 2016 o povo carioca é
retratado como sendo instruído, bilíngue, alegre, receptivo e preparado para
receber todos os países de braços abertos. Figurando como uma cidade
maravilhosa com espaços públicos bonitos e gratuitos, uma baía limpa e adequada para a prática de esportes, ruas seguras e transporte público de qualidade. Tudo lindo e maravilhoso no vídeo.
Apesar da linda campanha de marketing os problemas de transporte e infraestrutura foram questionados e o
governo garantiu que se adequaria ao
padrão desejável. O discurso era colorido e pomposo. O Rio foi escolhido e as
obras começaram. Mas a promessa do governo na melhoria dos serviços públicos
não veio.
Neste ano o Rio foi
testado com dois eventos internacionais: a Copa das Confederações e a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Do nada
o povo brasileiro começou a assistir a dedicação dos nossos governantes para
construir a infraestrutura necessária para os eventos, mas a falta de planejamento dos envolvidos nos projetos ficou evidente e se refletiu nos orçamentos e na demora
das obras.
Cansado de promessas
e explicações superficiais o povo se deu
conta que os investimentos na copa não
melhorariam a saúde, a educação , o transporte público e a segurança da cidade.
O povo se sentiu injustiçado e abandonado por ver a priorização dos eventos
acima dos serviços básicos da população que morre a míngua sem nunca usufruir dignamente
dos impostos pagos.
Depois de inúmeras manifestações populares, os governantes sentiram um alívio com a
vinda do Papa que tiraria a insatisfação política do centro das atenções. Mas o
tiro saiu pela culatra porque a incapacidade de receber eventos internacionais
de grande porte emergiu logo no primeiro trajeto do Papa em solo carioca. O que
pareceu um equívoco logo se mostrou uma realidade. Mesmo com meses de
planejamento o Rio não está pronto para receber eventos desse porte, a prova
disso foi o colapso do sistema de metrô, reservado para os participantes da JMJ
nos horários de rush, a falta de sinalização e de informações para orientar os peregrinos, a transferência de última hora de evento Guaratiba para a praia de Copacabana e
a dificuldade de acesso aos locais dos eventos.
O fato é que os peregrinos
da JMJ sentiram na pele os desafios enfrentados pelos cariocas todos os dias. O
descaso do governo com o transporte público, o trânsito infernal, a dificuldade
de informação, a falta de segurança e o cansaço de um povo que não sorri o
tempo todo como no vídeo da candidatura as Olimpíadas de 2016. Diferentemente
do que foi retratado no vídeo, o Rio não é uma cidade maravilhosa. O carioca não transitam nas ruas com segurança, nosso transporte público é caótico, ir a praia é um desafio logístico e
visitar os pontos turísticos requer paciência e dinheiro. Sem falar da Baía de
Guanabara que é poluída e inadequada para os esportes olímpicos.
A Jornada Mundial da
Juventude mostrou que não podemos garantir nem uma estrutura logística de
qualidade, nem o cumprimento da programação do evento porque uma virada no clima é suficiente para alterar tudo de última hora. Não bastassem os problemas de
infraestrutura, a prefeitura enfrentou acusações de uso de dinheiro público na
JMJ que foram
desmentidos pelo Prefeito. Segundo Eduardo Paes todos os custos da JMJ são da
Comissão Organizadora do Evento, a Prefeitura só entrou com o apoio normal para
eventos públicos que são coleta de lixo, policiamento, controle de
trânsito.
Se a afirmação fosse
de todo verdade, se o dinheiro público não está sendo aplicado no evento, quem
está pagando a monitoração do espaço aéreo, marítimo e urbano? Quem está
pagando o transporte aéreo do Papa, feito nas aeronaves da FAB? Quem está
pagando os seguranças e policiais militares e federais? Somos nós, é claro!
O financiando público
na JMJ não está ocorrendo de forma massiva como na Copa do Mundo, mas está
garantido a realização do evento e afirmar isso seria um gesto decente. O fato é que
o mundo pôde ver que o Rio de Janeiro não está preparado para promover eventos
internacionais de grande porte e que de maravilhosa a cidade só tem as belezas
naturais porque a estrutura só existe nas promessas dos governantes.
Apesar dos problemas
a JMJ serviu para mostrar ao mundo que o carioca é, em sua essência um povo de
fé, porque só com muita fé e coragem é
possível enfrentar os desafios cotidianos do Rio.
Por: L. Gonçalo.
FOTO: Alba Valéria Mendonça - G1
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