De 05/08/1933 à 12/08/1983
30
ANOS DE IMPUNIDADE
Ontem (13/08) fez 30
anos da morte de Margarida Maria Alves, agricultora e sindicalista paraibana que teve sua morte encomendada por fazendeiros. Nascida
em Alagoa Grande-PB, numa família rural de nove irmãos, Margarida foi uma
mulher de vanguarda que fez história. Eleita em 1973 presidente do Sindicato dos Trabalhadores
Rurais de Alagoa Grande-PB foi a primeira mulher a lutar pelos direitos
trabalhistas no estado da Paraíba durante a ditadura militar. A frente do sindicato
ela lutou pelos direitos básicos dos trabalhadores rurais em Alagoa Grande, como
carteira de trabalho assinada e 13º salário, jornada de trabalho de oito horas
e férias; sendo responsável por mais de cem ações trabalhistas na justiça do
trabalho local. (WIKIPEDIA, 2013)
As denúncias de desrespeito aos direitos dos trabalhadores nas usinas da região, incomodou
o proprietário da maior usina de açúcar local (a Usina Tanques), alguns
senhores de engenho e fazendeiros não ligados à lavoura da cana que formavam
o "Grupo da Várzea" e encomendaram seu assassinato. No dia 12 de agosto
de 1983, a sindicalista foi brutalmente assassinada com um tiro no rosto por um
matador de aluguel que empunhou sua escopeta calibre 12 em frente à casa de Margarida
na presença do seu marido e filho. Quando Margarida foi assassinada, 72 ações trabalhistas estavam
sendo movidas contra os fazendeiros locais. (IDEM, 2013)
Trinta anos se
passaram e nenhum dos envolvidos no crime, que teve repercussão local, nacional e internacional, foi condenado. A Comissão
Interamericana de Direitos Humanos fez um relatório e o Ministério Público
apresentou denúncia contra três pessoas, Antônio Carlos Regis, que teria sido o
intermediário entre os fazendeiros locais e os irmãos Amauri José do Rego e
Amaro José do Rego, que executaram o crime. Antônio Carlos Regis foi levado a
juízo em dezembro de 1985 e absolvido em julho de 1988. Em janeiro de 1986, a
viúva de Severino Carneiro de Araújo denunciou a participação de fazendeiros no
assassinato de Margarida. Em 1995, o Ministério Público denunciou os
fazendeiros Aguinaldo Veloso Borges, Zito Buarque, Betâneo Carneiro e Edgar
Paes de Araújo pelo assassinato da líder sindical. Dos quatro suspeitos, apenas
um foi levado a julgamento e foi absolvido pelo Tribunal do Júri da Comarca de
João Pessoa em 2001. (RIBEIRO, 2013)
Margarida teve suas
ações paradas, mas seu exemplo foi seguido e hoje aqueles que sacrificam suas
mãos e vidas para produzir nossos alimentos estão amparados por representantes
que seguem lutando pelo direito de produzir com dignidade. Apesar das ameaças
Margarida não esmoreceu e morreu lutando, como a líder que sempre será. Hoje Margarida Maria Alves é um símbolo de resistência e luta contra a violência no campo, pela reforma agrária e pelo fim da exploração dos trabalhadores rurais.
Mais um crime político ficou impune e a pergunta que não pode calar é quantos mais ficarão?
Por: L. Gonçalo.
REFERÊNCIAS:
RIBEIRO, Frei
Anastácio. Margarida Maria Alves. In: Facebook. Disponível em:https://www.facebook.com/freianastacio
. Publicado em 12/08/2013. Acesso em: 12/08/2013.
WIKIPEDIA. Margarida Maria Alves. Disponível em:http://pt.wikipedia.org/wiki/Margarida_Maria_Alves . Acesso em: 12/08/2013.
FOTO: Facebook
Olá Luciana,
ResponderExcluirGostaria de parabenizá-la por trazer à lembrança esse caso lamentável, e que infelizmente se repete cotidianamente pelo interior do país: ativistas sendo assassinados na luta pela terra, sem que o governo federal se mobilize para resolver de uma vez essa guerra através da reforma agrária, há décadas sabotada pelas elites do país.
Grande abraço,
Almir Ferreira
Panorâmica Social