domingo, 16 de junho de 2013

UMA REFLEXÃO SOBRE O COTIDIANO DO BRASILEIRO - BRASIL

A ESCRAVIDÃO NOSSA DE CADA DIA



Foto: Favela da rocinha Fonte: viidanafavela.blogspot.com


Outro dia eu estava assistindo ao programa "Globo Repórter" na TV, e o assunto tratado eram pessoas que trabalharam e pouparam a vida inteira para  poderem desfrutar de uma vida "melhor" na velhice

Vendo aquilo lembrei do filme "Servidão Moderna" de Jean-François Brient e Victor León Fuentes de 2009. O filme trata de como a sociedade moderna é escravizada pelo sistema capitalista, no qual o desejo de consumo e o trabalho alienante criam uma subserviência consentida ou não percebida das pessoas. Sendo assim elas levam uma vida de exploração pelo sistema, achando que são livres para escolher e decidir sobre sua vida e futuro, quando na verdade o sistema controla tudo.

Lembrei do filme, exatamente porque no Globo Repórter há uma clara intenção de levar as pessoas a crerem piamente, que somente seguindo a cartilha do capitalismo é que se pode ter uma vida feliz, trabalhando como uma máquina ou um escravo por longas horas diárias, por anos a fio, sem descanso, sem pensar, sem questionar a maneira com a sociedade está estruturada, e guardando cada centavo do dinheiro, afinal só quem trabalha duro é que "vence na vida".


Na verdade somos escravos do sistema capitalista cuja a estrutura social contribuí para alienar e controlar a maioria das pessoas, seja a família que educa os filhos para servirem a sociedade, a escola que instruí para a pessoa ser um escravo útil, as religiões que apaziguam os "espíritos rebeldes", o estado que controla até onde as pessoas podem ir, e as mídias sociais que reforçam a "educação" que interessa.


Os meios de comunicação de massa se esforçam a cada dia para entulhar as nossas mentes de informações inúteis, notícias superficiais, programação musical de péssima qualidade e ficções que "simulam a realidade". Essas simulações chamadas de novelas são um importante meio de doutrinação e manipulação das pessoas, que encaram as estórias como algo real ou familiar. Quem não assiste novelas, que é o meu caso, fica à margem das conversas entre parentes e amigos. Isso é um exemplo claro da limitação cultural das pessoas.   

Nesse mesmo caminho está a programação esportiva, que no Brasil é ancorada no Futebol. Atribui-se ao futebol uma importância que ele não tem. Ele é exposto pela mídia como sendo mais importante que a cultura, a política, a ciência ou a economia. Um jogo da Seleção Brasileira de Futebol é elevado a categoria de evento patriótico, com obrigação de cantar o hino e torcer pela seleção. Quem não faz isso é praticamente um traidor da pátria. O que é deliberadamente criminoso!  O futebol é uma das "drogas" usadas para alienar as pessoas do que é realmente importante. Sendo assim qualquer mudança no "status quo" fica cada vez mais difícil. Isso é o que mais interessa aos "senhores de escravos" que dominam o Brasil e o mundo.



Foto: site logoapokatastasis


E o que é "vencer na vida"? 

"Vencer na vida é ter dinheiro pra gastar". Vencer na vida é isso? Se matar de trabalhar durante anos, ganhando dinheiro para consumir os produtos descartáveis que o sistema capitalista produz, para enriquecer as custas da destruição da Terra e da escravidão dos operários? As pessoas ficam numa louca e infinita corrida para se ter o melhor, o mais moderno e o mais na moda. Ter é mais importante que ser? 

"Vencer na vida é ter sua casa própria". Quem te disse que o mundo é seu? Que você pode separar um pedaço de terra, construir uma moradia em cima e lhe atribuir propriedade e  valor? O sistema dominante fez isso. Ele faz você trabalhar anos a fio para poder comprar um "apertamento" num Cohab, que mais parece um pombal, por valores bem maiores que o real, para que financeiras e construtoras enriqueçam. Enquanto isso você sofre, envelhece, adoece e morre. E isso não é só pra quem é pobre, a chamada classe média também faz o mesmo, só que os pombais são um pouco melhores. 

"Vencer na vida é ser feliz". E o que é ser feliz? Se é ter dinheiro ou ter casa própria, isso é um atestado claro que se é escravo do capitalismo. Não tenho, e não sei se alguém tem uma receita para a "felicidade", mas o "ter" e não o "ser", não me parece o caminho. 

No Brasil quem tem muito dinheiro é que é visto como alguém vencedor e de alto valor, não importa seu nível cultural, sua integridade moral ou a origem da "riqueza". Quem tem cultura, educação e conhecimento, não é valorizado. Provo isso exemplificando que os professores e outras categorias profissionais que necessitam estudar muito, ganham bem menos e têm muito menos reconhecimento, que jogadores de futebol semi analfabetos, "cantores", atores e outras pseudos celebridades fabricadas pela mídia. Isso é fruto de décadas de educação e doutrinação, por parte do estado, das igrejas e da mídia. O pensar não tem valor, só o trabalho, os bens materiais, e quão útil você é para a estrutura social escravagista do século XXI.



Imagem: The Wall - Pink Floyd


A vida que levamos é basicamente assim. Nascemos e somos catalogados com um nome e número de registro indicando a origem do "escravo". Somos educados pela família para sabermos nos comportar de acordo com o que a sociedade exige e espera. Somos instruídos nas escolas e faculdades para servimos ao sistema como escravos de baixa, média ou alta qualificação. Recebemos os proventos para gastarmos com os bens, na maioria inúteis, que a industria cria e nos convence que precisamos para ser feliz. Nos reproduzimos para criar novos escravos para o estado. Juntamos dinheiro ou pagamos por anos para podermos habitar uma senzala de valor cada vez maior e tamanho cada vez menor. Nos aposentamos e recebemos uma esmola só para, talvez, não passarmos fome enquanto esperamos a morte chegar. Morremos e nossos familiares pagam para dar fim ao nosso corpo, e continuam o ciclo da exploração. 

Achou horrível e deprimente? Eu também...

Para quebrar esse ciclo cabe a cada um de nós, que percebemos que ele existe, mudarmos essa situação através de novos posicionamentos. 1) Estudar e acessar informações relevantes; 2) Valorizar as pessoas pelo seu conhecimento e comportamento ético; 3) Consumir apenas o necessário; 4) Reciclar, reaproveitar e doar aquilo que não serve mais; 5) Cortar tudo que é destrutivo para a nosso planeta. Só assim vai perceber que a felicidade não está nas coisao mais importante na vida, e o que realmente te fará feliz são as pessoas que se ama e que te amam.  



Por: Fábio Carvalho.


6 comentários:

  1. Muito bom.
    Recomendo que se alimentem de argumentos com o Prof. David Orr, de Oberlin, Ohio, EUA, com a obra "The Nature of Design", de 2002, mas ainda muito atual.

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  2. Nossa, adorei. Concordo plenamente e ainda bem que já estou seguindo esses passos. Abraços!

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Agradeço seu elogio Carolina. Espero que meu texto a tenha ajudado um pouco, e que o caminho que segue leve a sua felicidade.
      Abraços.

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  3. Parabéns. Infelizmente o Brasil esta se tornando um pais de 'spertos' altamente manipulados ao invés de um pais livre; por aqui quando o sujeito aprende DESENHAR o nome ja esta bom. Fora aquelas historias de "filho mais velho estuda e o resto vai trabalhar" ainda muito em pratica, não ha muito o que esperar de um pais governado por políticos com medo de um povo desenvolvido.As propagandas veiculadas na tv tem péssimo conteúdo, desinformam bem mais que informam e por ai uma geração atras da outra entra na historia do consumismo. Fazer o que? Estamos no Brasil pais onde ate uns anos atras uma propaganda de cigarro dizia que o certo era levar vantagem em tudo (lei de Gerson)

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  4. Algo assim, mais objetivamente, está no blog http://social-nocnel.blogspot.com : precisamos olhar não vagamente para os nossos problemas, mas olhar bem de perto, verificar quem-é-responsável-pelo-quê, sem CONHECER BEM um problema, jamais encontraremos uma solução : assim é na escola, assim é na vida, até no cotidiano. Dizer "é o sistema" já está vago demais, QUEM são os responsáveis - por uma regra,por um problema qualquer. Um plenário que se diz "democrático" com muitos representantes só serve para se esconderem e se isentarem da RESPONSABILIDADE SOCIAL devida, dizendo "foi votação", "a maioria...bla bla bla " e igrejas então nem falar :"foi deus, foi o diabo" - nada disso produz qualidade de vida, nem progresso e nem evolução - muito menos justiça.

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